Quando as Crianças Falam sobre a Escola
Se eu fosse professor.
Se eu fosse professor. Se eu fosse professor eu não seria muito durão. Deixaria as crianças perguntarem e não ficarem com dúvida. Seria um professor que deixaria converssar baixo, isso na hora que não estiver explicando alguma coisa. Faria uma explicação com a participação dos alunos. Exigiria respeito. Ajudaria os alunos com dificuldade. Daria lição de casa para exercitar a lição dada na sala de aula. Não teria prova, mas sim uma avaliação, para concluir se o aluno está com dificuldade. Trabalharia numa escola pública, o meu dever seria ensinar. A criança deve ser respeitada, aprender a ter opnião. Eu acho que com esse método seria um bom professor. Tiago – 4a série/São Paulo-SP
—Minha professora não gosta de ler! —Como você diz isto, minha filha? É claro que ela gosta de ler. —Não, mãe: ela manda a gente ler e fica fazendo outra coisa; se ela gostasse mesmo de ler, ela ficaria lendo com a gente! Mariana – 2a série/Feira de Santana-BA
—Eu só venho para a escola se você me aprender a ler. Dielson – 1ª série/Teresina-PI [Três vezes reprovado, dirigindo-se à professora que foi saber porque não estava indo à escola] [Impossível não dar um pitaco epistemológico: é incrível a clareza do menino: expressa a dialética do processo de ensino-aprendizagem. Não diz “se eu aprender a ler”, nem “se você me ensinar a ler”]
—Ela está escrevendo e vira para os alunos, e começa a ler para os alunos. Aí, eu pego e levando a mão; ela me vê, mas finge que não vê; daí eu levanto e começo falar: "pro... ". Daí ela vira a cara e volta a escrever; mas ela me ouve, mas finge que não ouve. Maíra – 3ª série/São Paulo-SP
—Eu sei, pai, que é o sol que gira em torno da terra. Mas, na prova, vou colocar que é a terra que gira em torno do sol, porque é assim que a professora quer que eu responda. Andréa – 4a série/Santa Maria-RS
Muitas vezes, a gente tenta falar e ela não deixa. Fica: “Não, não fala!”, “Não, não, deixa eu dar aula primeiro”. Eu acho que ela tem problema de dar aula, porque é dar aula, dar aula, dar aula, dar aula. Não adianta ela dar aula e os alunos..., né? Ela quer dar aula, quer dar aula, só isto. Não quer ouvir o aluno. Bruno – 10anos/São Paulo-SP
Dia de prova: que sufoco! Alexandre Todo dia antes da prova é sempre assim: estudo, estudo, estudo. Fico apavorado em casa, penso que esqueci uma resposta, olho no livro aí eu penso: —E eu pensando que tinha esquecido a resposta! Vou brincar, com uma preocupação na cabeça. Assisto televisão, com a mesma preocupação na cabeça (de tirar nota baixa na prova). Janto, com a preocupação na cabeça. Durmo com a preocupação na cabeça e ainda falo baixinho: —Mas que !ÝMN de preocupação! Acordo, escovo os dentes, faço outras milhares de coisas e vou pra escola. Chego lá, a professora vai dizendo: —Hora da PROVA! Eu fico louco da vida na hora. Mas depois corre tudo bem. Depois a professora diz: —Alexandre, nota .... 8! Aí eu fico pensando “como eu fui bobo, com aquela preocupação na cabeça!” Depois a professora diz: —Alunos, amanhã haverá prova! Não adianta nada, quando eu chego em casa, já estou com aquela preocupação novamente!
!ÝMN - palavrão que não posso, nem podem dizer aqui
In: VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar, 18ª ed. São Paulo: Libertad, 2009, p. 114. |
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